O Português Brasileiro em evidência – Nosso Idioma
Como Sociolinguista que sou, admiradora declarada de todas as obras do nosso querido William Labov, professor na Universidade da Pennsylvania, tenho proposto a mim mesma o grande desafio de divulgar as ideias labovianas que revolucionaram o ensino de Língua Portuguesa no Brasil.
Desde 1968, com o lançamento da primeira obra sociolinguística de Labov (Empirical Foundations for a Theory of Language Change) em conjunto com Heirech e Herzog, que os linguistas brasileiros têm feito pesquisas, participado de seminários, congressos, dado e recebido cursos sobre a necessidade do respeito às diferenças linguísticas, culturais, e principalmente, pessoais. Isto porque, o ensino de Língua Portuguesa era extremamente normativo, voltado para a padronização. No contexto atual, devido às contribuições das teorias de Labov, o ensino-aprendizagem tem-se pautado em trabalhos que valorizam a heterogeneidade linguística e a diversidade cultural, possibilitando cada vez mais o encontro com a identidade cultural, social e pessoal.
Com o Brasil em evidência no mundo (por várias razões políticas, sociais, econômicas e culturais) há mais interesse em conhecer nossa cultura. Uma particularidade dela e mais especificamente da língua portuguesa variante brasileira é sua origem diversa que resulta em diferentes dialetos e registros. Uma riqueza que consequentemente exige de seus usuários (linguísticos) e portadores (culturais) uma característica: que saibam conviver com a multiculturalidade.
Daí a grande relevância da sociolinguística laboviana no Brasil, visto que favorece o entendimento de que existem falas regionais; de que um mesmo indivíduo precisa saber adequar suas expressões linguísticas (palavras, gestos, entonação, etc.) de acordo com quem/quando/onde/por que/para que/ etc.; e que isto chama-se respeito. Respeito às diferenças; desde às próprias, até as do outro com quem interagimos (ou buscamos interagir).
O Português Brasileiro, portanto, só de ser denominado assim, já é uma evidência de respeito próprio, como língua e como filho herdeiro de Portugal, e é evidência também da identidade de uma nação, daí a existência do nome da língua originária: Português, e do resultado: Brasileiro. Particularmente, gosto muito dessa origem e desse resultado.
Em se tratando de diferenças linguísticas, nem me refiro a dialetos. Se levarmos em consideração o fator social ‘faixa etária’, já na própria família vemos a necessidade de conseguirmos lidar com as gírias dos jovens (filhos), com o jargão profissional do pai ou da mãe, isto sem falarmos no uso das expressões dos avós.
Vejo que é uma necessidade e ao mesmo tempo um direito de todo ser humano poder ampliar sua compreensão do mundo que o cerca, apropriando-se desses conhecimentos sociolinguísticos para cultivar o respeito linguístico. E falar, ouvir, ler, escrever o Português Brasileiro favorece isso.
• Para saber mais sobre William Labov visite:
http://www.ling.upenn.edu/~wlabov/WLVITA.pdf