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Ensinar português a hispanohablantes – Parte I – Nosso Idioma

A experiência que vos trago hoje foi vivida por mim, há um ano, quando me dediquei ao ensino do português como segunda língua a um casal espanhol residente em Portugal há cerca de dois anos. O primeiro constrangimento sentido como docente foi o de perceber que, a partir do momento em que se ensinam duas línguas tão próximas na sua origem (tronco latino), as aproximações parecem muitas, mas, na verdade, falaciosas em muitas ocasiões. Sendo assim e tomando alguns exemplos pontuais, relembro-me, de repente, de vocábulos relacionados com a apresentação pessoal que pareceriam, numa primeira instância, relativamente percecionáveis mas que se tornaram um verdadeiro handicap ao nível da compreensão.

Realço as palavras bilhete de identidade ou cartão de cidadão (tarjeta de identificación ou documento nacional de identidad), apelido – sobrenome – (apodo ou apellido e primer apellido e segundo apellido), ou até o extensíssimo nome de um(a) cidadão(ã) português(esa) comparativamente ao nome relativamente estandardizado de um(a) cidadão(ã) espanhol(a). Assim, quando pedi aos meus dois alunos que se identificassem, a senhora apenas mencionou o seu nome e os seus dois apelidos (sobrenome no português brasileiro). Perguntei-lhe se tinha adotado o nome do marido e ela ficou muito espantada, sem perceber como poderia ela chamar-se Vicente…

Ora, deparamo-nos com um dos problemas de entendimento sentido, mais tarde por eles, em sede de balcão de loja do cidadão português. É inusual a mulher espanhola tomar como seu último apelido o do seu marido (para os espanhóis segundo apellido). Para além disso, não é concebível qualquer cidadão ter mais do que dois apodos na Espanha. Cada cidadão tem um provindo da mãe e um provindo do pai – o primer apellido e o segundo apellido.

Causou estranheza o nome quilométrico Ana Isabel Teixeira Lopes Alves de Sousa e Cardoso… Para além disso, é curioso verificar que o posicionamento dos apelidos em espanhol não segue a mesma ordem do que em Portugal. Na Espanha, o apelido da mãe vem no fim e no início o do pai. Outro dado incomum para os meus alunos foi o fato de verificar que, em Portugal, o marido também pode adotar o apelido da esposa…

*Brígida Costa Macedo Diogo nasceu na França e mudou-se para Portugal na adolescência. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e cursou Mestrado em Cultura Portuguesa Contemporânea, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desde o seu início profissional como professora, tem lecionado a várias faixas etárias desde o ensino superior até às escolas secundárias portuguesas.

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